...Delírios em Série...

Introdução:

Raquel é uma jovem como as outras, gosta de aproveitar a vida, com apenas dezenove anos, ela é um pouco distraída e isolada dos outros, é dedicada ao máximo, e não se nega em ajudar o próximo.
A história conta a vida de uma jovem que sofre com uma doença, que no início desconhecida a todos, por longo da história ela percebe que já não é a mesma, e aí começa a batalha contra o tempo para ter uma vida normal.
Mas hoje em dia, o que é normal? O padrão da sociedade? Ninguém é normal, todos somos diferentes.

“Quando pequena lembro-me de mim, brincando numa pracinha, pegava as pedras do chão e mostrava para alguém, que sempre me acompanhava, eu deveria ter uns três anos, lembro-me também do balanço onde ficava por horas.”

*A professora de artes, Elisa, interrompe as lembranças de Raquel e lhe chama a atenção na sala de aula pela manhã. *

Elisa: — Raquel trabalhe mais, já vai terminar a nossa aula e você não acabou o trabalho sobre a Roma.
Raquel: — Sim, é que eu estava distraída, mas eu já vou terminar professora.

*Jenifer conversa com Isadora enquanto fazem o trabalho, enquanto isso, Raquel continua olhando pela janela da sala de aula. *

Jenifer: — É verdade, eu estava até pensando em sair com ele, mas eu acho o amigo dele bonito.
Isadora: — Ai Jenifer, tu deveria pensar mais antes de sair se atirando em cima de todos.
Jenifer: — Só está falando isso, porque não consegue ficar com ninguém.
Isadora: — Não adianta falar contigo Jenifer, só a Raquel me entende.

*Raquel não prestava atenção em nada do que as amigas falavam, parecia perdida num mundo só dela, ela escutava apenas sua respiração e seus pensamentos confusos. *

“Se eu pudesse, mas o que poderia acontecer comigo? Por que eu? Naquela árvore foi onde eu conheci a Isadora, eu ando diferente, comigo mesma, já não consigo me entender.”
“Um rapaz na árvore da escola? Os que ele está fazendo ali se têm aula? Ele me parece tão familiar.”

*O rapaz escorado na árvore olha fixamente para o chão, rapidamente desvia o olhar para Raquel, e fita Raquel seriamente. Raquel até não percebia, mas ele sempre esteve perto dela, porém agora ela poderia ter a oportunidade de vê-lo. *

Isadora: — Raquel? Estou falando contigo.
Raquel: — O que foi?
Isadora: — Vai comigo e a Jenifer no shopping?
Raquel: — Não obrigada tenho de estudar!

*O sinal da escola bate e o namorado de Raquel a espera para ir embora. *

Jonas: — Anda Raquel, vamos indo!

*Jonas pega os livros dela e a segura pela mão, se despedem dos amigos e vão embora. *

“O sol já está se pondo, e eu nem sei por que eu estou aqui. Por que vivo? Por que ele está comigo? *olha para Jonas* Que sentido há nisso tudo?”

Jonas: — Então Raquel, você vai querer que eu vá pra sua casa hoje? Porque se não quiser tudo bem, eu preciso treinar pro jogo da semana que vem. *fala sorrindo*

*Raquel avista aquele garoto estranho novamente, porém a uma quadra a frente deles, imediatamente ela pega seus livros com Jonas e sai correndo. *

Raquel: — Não precisa! Lembrei que eu tenho de ajudar a minha mãe. *sai correndo*
Jonas: — *gritando* Tudo bem! *sussurra* Como ela anda estranha, será que ela esta me escondendo algo?

*Jonas observa a namorada correndo, sem entender ele vai embora. *

* Raquel corre o mais rápido que pode, mas acaba tropeçando no meio do caminho, cai no chão e machuca o joelho, sentindo dor ela levanta e continua o rapaz estranho dobra numa rua sem saída e quando ela chega, a rua está vazia. *

Raquel: — Hei! Tem alguém aí?

* Ela escuta um barulho nas latas de lixo e então fica assustada e vai embora pensando no estranho que havia visto. *

* Raquel chega à sua casa, toma um banho e vai pra cozinha, percebe que seus pais não estão e que sua mãe lhe deixou um recado na geladeira. *

Raquel: — Mãe? Pai? O que é isso? *lê o bilhete* Raquel, não vamos voltar cedo, então prepare o jantar. Legal, eles saíram novamente, porque meus pais não são como os de Isadora?

*Raquel prepara a janta e quando vai servir a mesa ela escuta seu nome sendo gritado dentro de casa, assustada ela acaba deixando o prato cair. Raquel procura pela casa e vê que não há mais ninguém na casa a não ser ela, ela janta e vai deitar na cama. *

“Nossa devo estar cansada, estou ficando louca, mas eu deveria falar com alguém sobre isso, acho que vou ligar pra Isadora”.

*Raquel liga para Isadora*

Raquel: — Alô, Isadora? Olha só posso perguntar algo pra ti?
Isadora: — Pode, fale o que aconteceu? Você está bem?
Raquel: — Estou sim, mas é que como eu posso dizer, eu estou escutando vozes me chamando, será que estou ficando louca?

Isadora: — Não que isso, olha na minha religião isso significa que a sua mediunidade está crescendo, calma, não se preocupa, nada de ruim vai lhe acontecer, um dia desses depois da aula eu te levo num culto, você vai adorar.
Raquel: — Espíritos? É isso que você quis dizer? Você é espírita não é?
Isadora: — Claro, mas não te preocupa que não é nada, agora vou indo, tenho de jantar, tchau.
Raquel: — Tchau, obrigada.

*Raquel inconformada, vai até o computador e faz uma pesquisa sobre espíritos, e lá encontra algumas respostas que lhe conformam, mas ao mesmo tempo lhe dão medo, assustada ela desliga o computador e vai dormir. *

*Raquel acorda no outro dia, vai ao banheiro e depois na cozinha, ela vê a mãe dela reclamando e a pergunta o que aconteceu. *

Raquel: — O que houve mãe? Está tudo bem?
Ana: — Não está nada bem, por causa de ti eu sou uma escrava agora, tu só fica saindo, fica quase o dia todo na escola com aquele marginal, e seu pai vive trabalhando, assim tu não vai chegar a lugar nenhum, vai se tornar uma pessoa como eu.

*Raquel dá as costas a mãe dela e abre a geladeira e faz um café da manhã pra ela. *

Ana: — Porque antes tudo era pra mim, agora seu pai só se preocupa em sustentar essa casa e seus estudos, tu acha que vai chegar onde com esse jogo patético de handebol? Você acha que vai ficar rica?
Raquel: — Mãe para, por favor, não estou a fim de ficar irritada.
Ana: — A única que tem direito e motivos de ficar irritada sou eu aqui.

*Raquel sai da cozinha e vai pro banho, logo em seguida, se arruma e vai pra escola. *

“Eu odeio quando a minha mãe me trata assim, sempre tão estressada.”

*Na sala de aula Raquel tem aulas de psicologia com Nicanor, seu professor, a sala estava em silêncio enquanto o professor dizia as notas das provas, Raquel escuta seu nome sendo gritado. *

Raquel: — Que?

*Todos olham pra ela, e ela fica sem saber o que dizer o professor a olha seriamente. *

Nicanor: — Está tudo bem Raquel?
Raquel: — Está sim! *responde sem graça*

*Isadora se mete na conversa. *

Isadora: — Raquel, não ta escutando eu te chamar? *sorri*

*O professor continua dando as notas, mas percebe algo errado com a garota, Raquel sem saber o que está acontecendo olha para Isadora, enquanto a amiga olha sorridente para Raquel. *

*No final da aula, Raquel e Isadora vão para uma praça perto da escola, e ali passam o resto da tarde, antes do treino de handebol. *

Isadora: — Já entendi como funciona contigo, mas Você nunca viu nada? Nada que possa ser estranho?
Raquel: — Não, apenas ando ouvindo essas vozes, mas sempre chamam o meu nome, contigo acontece?
Isadora: — Eu nunca vi nada e também nunca escutei nada, mas acredito piamente, olha eu vou te dar um presente *abre a mochila*, aqui está! *da um embrulho para Raquel*
Raquel: — O que é isso? *olha sorridente*
Isadora: — Abre!

*Raquel abre o embrulho e vê um livro de tamanho médio, equivalente a umas quase duzentas páginas. *

Raquel: — Um livro?
Isadora: — Sim, esse livro é da minha religião, nele você tirará todas as suas dúvidas, esse é o “Evangelho segundo o espiritismo”.
Raquel: — Interessante! Mas me diga como é ser espírita?
Isadora: — É normal, não tem nada de diferente, pois eles seguem o mesmo Deus. Mas vamos indo, vamos nos atrasar para o treino. Seu namorado vai ir?
Raquel: — Creio que sim!

*Raquel e Isadora vão para o treino na escola. Lá encontram Jenifer. *

Jenifer: — Ah! Chegou as melhores amigas do mundo. Onde vocês estavam?
Isadora: — Estávamos passeando!
Jenifer: — Sei, e sempre esquecem de mim, até parece que vocês não gostam da minha presença. Olha Raquel é melhor ficar de olho no seu namorado hein, porque tem uma guria do ginásio dando em cima dele.
Raquel: — Tudo bem, eu confio nele.
Jenifer: — Ah! Mas se fosse eu já teria dado uma surra naquela safada.

*A professora de Educação Física apita o apito e faz a chamada, logo em seguida escolhe os times e começam os jogos. *

*Raquel entra como goleira no primeiro tempo e o time dela sai a frente, mas Raquel não se sente bem, sente um pouco de dores de cabeça e um mal-estar, mas continua no jogo, o primeiro tempo foi corrido, foi três a dois para o time da Raquel, no segundo tempo, Raquel sai como goleira e fica no ataque, durante o jogo, ela acaba vendo um buraco inexistente no chão, tropeça e acaba caindo, machuca o tornozelo e sai do jogo, todos ficam injuriados por verem ela cair sem nenhum motivo, como se estivesse desviando de algo*

“O que aconteceu? Será que é a minha visão? Nossa, devo estar muito cansada.”

*Raquel senta no banco...e bebe água, assistindo o jogo ela fica deprimida por ter saído do jogo, Jonas vai até ela e diz que irá levar ela na enfermaria*

Jonas: — Oi amor, como está?
Raquel: — Ainda dói, está um pouco inchado, eu não sei o que aconteceu...
Jonas: — Dormiu bem?
Raquel: — Não, acho que ando cansada..
Jonas: — Uhm.. *olha pro tornozelo de Raquel e depois olha pra ela* sobe aí! *sorri*
Raquel: — Mas eu estou bem!
Jonas: — Sobe aí.. *Jonas se agacha e levanta Raquel* Vamos!
Raquel: — Desculpa amor! *sorri*
Jonas: — Não peça desculpas, faço isso porque te amo!

*Jonas carrega Raquel a enfermaria, após isso Jonas leva ela para casa*

Jonas: — Amor, espero que fique bem..
Raquel: — Mas, o nosso time perdeu..
Jonas: — Mas tudo bem meu amor, olha talvez não seja dessa vez..tu terás outras chances..
Raquel: — É eu sei...bem vou entrar..

*Eles se despedem e Raquel entra, toma um banho e vai pro quarto*

“Será que isso são os espíritos? Já não sei o que pensar...ando tão confusa..por que eu? Como vou falar pras pessoas?”

*Raquel abre o livro que Isadora deu a ela*

Raquel: — Vamos ver, espíritos são como nós, esperando luz, alguns podem se manifestar de um jeito mais forte do que outros. *lendo*

*Raquel vai pra frente do computador e faz pesquisas pra se informar mais*

Raquel: — Aqui... pessoas que tem mediunidade, podem sentir a presença de espíritos, também pode ouvir eles, ver eles, e conversar com eles, em alguns casos, onde a mediunidade é alta, eles podem incorporar, ser possuídos pelos espíritos..

*Enquanto Raquel lia atentamente, ela escuta um barulho vindo debaixo da cama dela, assustada, ela ficou observando, levantou-se e aos poucos aproxima-se da cama, ela se agacha e quando coloca a mão no edredom para levanta-lo, uma mão agarra a mão dela, apavorada ela grita*

Raquel: — Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh... Pai... Pai...Me solta...Sai..

*Raquel começa a se debater não chão e aquela mão puxando ela pra debaixo da cama, os pais de Raquel chegam ao quarto, Rafael, pai de Raquel, a sacode e ela grita sem parar, a mãe de Raquel fica assustada*

Rafael: — Raquel... Raquel...filha acorda...*a sacode e dá-lhe um tapa no rosto*
Raquel: — Pai... *chorando* tem alguém debaixo da cama pai, tava me puxando pra debaixo da cama *chora muito*.
Ana: — Que história é essa Raquel? Tu sempre quer chamar a atenção do teu pai... Para com isso. *irritada com o ocorrido*
Rafael: — Calma filha... *abraçado a filha* olha aqui....vê? Não tem ninguém debaixo da sua cama.
Raquel: — Mas eu vi pai, eu juro. *chorando e se abraçando no pai*
Ana: — Eu vou sair daqui, tenho mais o que fazer do que cuidar dela... olha o meu estado, eu sim sou uma mulher doente. *sai do quarto*

*Rafael coloca sua filha na cama e lhe trás um copo com água e açúcar*

Rafael: — Aqui filha, beba isso e vá dormir amanhã você tem aula.

*Raquel bebe a água e se deita, Rafael passa pelo computador e vê as pesquisas sobre espíritos, olha para a filha e desliga o computador e vai dormir. No outro dia pela manhã Rafael discute com a esposa*

Rafael: — Eu acho que a nossa filha está passando dos limites, da onde ela tirou história de fantasmas?
Ana: — Sabe o que é isso? É aquela amiga dela, a Isadora, ela é espírita e fica colocando essas coisas na cabeça da Raquel, eu te disse ontem, ela apenas quer chamar atenção, além de egoísta, ela é muito desatenta, tinha que ter puxado a ti mesmo, desmiolada que ela é.
Rafael: — Eu vou ter uma conversa com ela, eu não quero que ela fique pensando besteiras, e se as outras pessoas souberem disso, vão pensar que ela é louca, e o pior, vou ter de gastar dinheiro com medicação, e depois todos vão ficar falando que nossa filha é louca, já basta o tanto de contas que tenho de pagar.

*Rafael continua a discutir, Raquel acorda e quando vai ao banheiro escuta os pais discutirem*.

Ana: — Se continuar assim, ela vai ter que ir pro manicômio. *irritada servindo o café para Rafael*
Rafael: — Eu sei. *toma o café e logo em seguida sai*

*Raquel entra no banheiro, liga o chuveiro e chora pensando estar louca*.

*Raquel vai à escola e encontra Jonas pelo caminho*

Jonas: — Raquel... Me espera! *correndo em direção a ela*
Raquel: — Oi amor *da um beijo em Jonas* Como esta?
Jonas: — Estou bem! E o seu tornozelo?
Raquel: — Está melhor, apenas dói um pouco *mancando*.

*Jonas olha para Raquel e sorri*

Jonas: — Já sei! Sobe ai *Larga à mochila no chão e se agacha*.
Raquel: — Não, eu vou te machucar!
Jonas: — Sobe logo, não vai não, tu é pequena e magra! *rindo*

*Raquel sobe nas costas de Jonas, e ele lhe da a mochila pra ela levar, ele sai caminhando com ela nas costas*

Raquel: — Ah! Seu bobo! Eu te amo! *rindo*
Jonas: — Eu também!

*Eles chegam na escola e Jonas vai conversar com seus amigos enquanto Raquel vai em direção a sala de aula, enquanto isso, seu professor de psicologia, Nicanor vai em direção a Raquel e lhe pega pelo braço*

Nicanor: — Oi Raquel, como tu estas? Eu fiquei preocupado contigo.
Raquel: — Está tudo bem! Eu apenas tropecei, eu sou muito distraída! *sorri*

*Jonas avista os dois conversando*

Douglas: — Olha Jonas, não é querer dizer, mas o professor ultimamente, anda marcando a sua namorada.
Jonas: — Eu já percebi não to gostando nada da história dela ficar de conversinha com ele.

*Jonas vai à direção a Raquel e a puxa pelo braço*

Jonas: — Vem Raquel.
Raquel: — O que foi Jonas?

*Nicanor assiste a cena dos dois e sai*

Jonas: — Que tanta conversa vocês tem?
Raquel: — Eu e o professor? Nada, apenas ele estava preocupado comigo.
Jonas: — Sei, é melhor não ficar mais perto dele.
Raquel: — Está tudo bem seu bobão! Eu te amo! *Abraça Jonas* Meu ciumento!

*A aula se estende pela manhã e a tarde tem treinamento, enquanto isso Raquel passa à tarde na biblioteca pesquisando sobre espíritos, enquanto Jonas treina basquete, logo ao anoitecer, Jonas leva Raquel para sua casa, se despedem, mas Raquel volta e fica numa praça que tem perto de sua casa, a duas quadras de casa*.

“Posso passar diversas vezes por aqui, mas é como se eu não tivesse escolha, quando ambicionamos algo que não podemos ter, isso enfraquece a alma”.

*Raquel chega a praça e se senta em um balanço, começa a se balançar forte e pensa na vida*