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Miroku-sama
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[Fic/original] Two Sides Empty [Fic/original] Two Sides

21/1/2010, 19:42
"Two sides" retrata história de dois jovens, seus sonhos, conflitos e realizações em um Japão feudal, marcado por grande instabilidade política e fragmentação. Período de intensos conflitos e disputas por poder por parte de senhores locais, que eram detentores de vastos domínios nos quais exerciam sua autoridade.


Prólogo


Era difícil definir a emoção dos dois garotos naquele momento. Eram
jovens ainda, nunca haviam passado por nada parecido. Almejavam fama e
reconhecimento, subir na vida por intermédio da espada. Buscando esse sonho
alistaram-se no exército local, para defender as terras de um senhor
feudal da região, em um período de intensos conflitos por terras.
Estavam prestes a descobrir que a vida lhes reservava algo bem
diferente do que puderam presenciar em sua pequena vila. Não estavam partindo
pra um local onde teriam piedade deles, não, diferente dos confrontos e
treinamentos pelos quais passaram em sua terra em guerras as pessoas
são diferentes. Seria matar ou morrer.


Makoto e Touya eram amigos desde a infância. Atualmente tinham 17 anos
ambos. Bem diferentes entre si. Makoto era filho único da família
Shizuru, de pequena expressão na vila. Um garoto
extrovertido e impulsivo. Desde criança possuía a fama de desordeiro e
estava em constante conflito com o pai. Havia se alistado no exército
contra a vontade do mesmo, que exigia que ele desse continuidade ao
negócio da família. Perdera a mãe quando novo, ela foi vítima
de uma doença rara e grave que ocasionou sua morte. Tinha na espada uma forma
de distanciamento da realidade, uma tentativa de fuga em relação as
suas tristezas e problemas. E por isso dedicou-se desde cedo ao
treinamento, mas sem supervisão alguma, treinava por si mesmo. Touya
por sua vez alistou-se por obrigação. Sua família Kamiya havia servido
por gerações o senhor feudal local, dessa forma o pai não deu-lhe
escolha. Era uma questão de honra para a família, o nome deles estava em jogo. Não estava satisfeito com o alistamento, mas passou a ver no amigo uma forma de consolo passando a compartilhar gradativamente das mesmas ambições que ele. Era um jovem sério e perspicaz, considerado bem maduro comparado aos outros garotos de sua faixa
hetária. Apesar de conviver bastante com o amigo Makoto, costumava
interagir mais com os adultos. Era mais talentoso que Makoto na arte da
espada, havia recebido lições do pai desde novo, apesar de nunca ter
desejado tornar-se um guerreiro.


Lá estavam eles. Era madrugada e o silêncio da fria noite foi
interrompido pelo som de cavalos que começavam a ser percebidos. Eram
as tropas inimigas preparadas para invadir os domínios do senhor ao
qual defendiam.

Havia chegado o momento, não existia forma alguma de evitar tal situação. Era
visível o ar de preocupação dos dois garotos, estavam em meio a um
exército numeroso, mas que visivelmente não era páreo para resistir à
superioridade numérica do inimigo.

O barulho ia aumentando e já eram visíveis os primeiros cavaleiros ao
longe, se aproximando com grande velocidade do terreno onde eles se encontravam.


Foram posicionados na tropa de frente, algumas fileiras atrás dos primeiros guerreiros responsáveis pela defesa do castelo. O medo crescia no interior de seus corpos, não estavam preparados para aquilo, seriam mortos com toda certeza, era o que pensavam. A vontade de fugir superava qualquer resquício de coragem que eles tentavam
alimentar. Por alguns segundos entraram em estado de transe ao se
depararem com tal enrascada, mas logo voltaram a si, não podiam dar-se
ao luxo de se distraírem em um momento decisivo como aquele.

Os inimigos estavam chegando. Não havia outra opção...

Makoto fitava discretamente o amigo que expressava um ar de serenidade. Era tudo que ele precisava, a esperança antes distante voltava a queimar no peito do garoto.

- Então é isso... Que a sorte não nos abandone hoje.

Touya responde com um pequeno sorriso expressando confiança, que visava esconder a insegurança que ainda possuía dos olhos do amigo.

- Não acho que precisemos de sorte Makoto... Vamos precisar é de espadas novas depois de despachar tantos soldados.

Makoto abre um grande sorriso. Estava agradecido de poder ter alguém junto à ele naquele momento difícil.


O capitão da tropa a qual faziam parte soa o sinal e a multidão corre ao encontro dos inimigos. O derramamento e sangue estava prestes a começar.

____________________________________________________________________



A determinação de um garoto


O chão tremia. O barulho era ensurdecedor. As duas tropas estavam prestes a colidir. Homens dispostos a lutar até a morte sem hesitar naquele local havia aos montes. Arriscavam suas vidas não tanto pelo ideal de garantir a vitória de seu
suserano, mas principalmente para subirem de vida. Uma boa
participação em guerras desse tipo sempre rendia bons cargos na milícia
local, bons salários e às vezes até algumas terras. Sem falar que
muitos se tornavam mitos, aclamados como verdadeiros heróis, nos
combates que participaram e foram determinantes.

Era chegado o momento, as duas tropas haviam se encontrado, ocasionando as
primeiras mortes e os exércitos se misturaram pelo terreno. Começava a luta
corpo-a-corpo. Guerreiros atacando e sendo atacados por diversas
direções.
Makoto e Touya tinham executado o deslocamento ao sinal do capitão. Estavam
próximos à aglomeração humana, mas em um local com menor concentração
de pessoas,

- Cuidado Makoto!

O primeiro golpe desferido era contra Makoto. Um golpe de extrema
violência, em que mesmo o garoto bloqueando com sua espada foi lançado
alguns metros para trás, caindo de costas no chão.

- Merda!

O guerreiro aproveita da situação favorável e volta investir contra o garoto, mas
antes que conseguisse atingi-lo Touya desfere um golpe certeiro que rasga-lhe a
armadura dilacerando o peito do inimigo.

- Eu falei para tomar cuidado! Você tem que prestar mais atenção ou então vai acabar morrendo!

Makoto estava assustado. Seu amigo havia acabado com a vida de alguém e não esboçava o menor remorso ou hesitação.

O sangue do inimigo havia jorrado e manchara o rosto e os longos
cabelos negros de Touya. Ele disponibiliza a mão para o companheiro levantar-se e
assume novamente a posição defensiva pois outros guerreiros se
aproximavam rapidamente.

Visivelmente era percebida a frustração do garoto, de ter sido salvo pelo
amigo logo no início do combate. Ele não iria deixar aquilo barato, tentaria compensar a qualquer custo aquela distração.

- Agora é a minha vez!

Antes que Touya percebesse Makoto partiu em direção aos dois inimigos
que se aproximavam. Sua velocidade era impressionante, alcançou os
alvos em poucos segundos.

- Idiota! O que pensa que está fazendo?!

Touya se deslocou instantaneamente ao encontro do amigo visando dar-lhe suporte.

Makoto esquivara-se do ataque do primeiro guerreiro e deferiu-lhe um golpe
perfeito no tronco, que provocou intenso sangramento e foi o suficiente
para derrubá-lo.

Enquanto um dos adversários urrava de dor o outro investia contra Makoto.

Makoto estava desequilibrado e por isso foi forçado a bloquear o ataque.
Estava suando. Sua respiração estava acelerada. O nível de tensão do
garoto no momento era muito elevado, mas ele estava concentrado, não
enxergava nada além do inimigo furioso à sua frente.

Touya não conseguiu alcançá-lo, antes que pudesse se aproximar do amigo
havia sido cercado por três guerreiros. Se encontrava em uma situação delicada, era
difícil contra-atacar em meio a tantos golpes simultâneos.

- Seu pirralho! Vou acabar com você!

- Que droga! Não tenho tempo para perder com você seu imbecil!

O guerreiro pressionava Makoto. Tinha maior vigor físico, o que fez com que o garoto fosse empurrado facilmente para trás. O garoto ficara tão centrado na espada do
adversário que não percebeu um rápido movimento de perna que ele utilizou. Makoto
tomou uma rasteira e caiu novamente no solo. Mal teve tempo de se recuperar da queda e já era surpreendido com um ataque de sabre do qual desvia-se no instinto. Golpe esse
que perfurou o chão, logo ao lado do seu peito.

Makoto rapidamente fincou sua espada com violência no pé do inimigo, mas
ao mesmo tempo recebeu um pisão em seu estômago, que foi o suficiente para
deixá-lo sem conseguir respirar normalmente.

Enquanto o inimigo tentava remover a espada do seu membro, sentindo uma
dor imensa, Makoto tomou posse da espada do adversário e desferiu um
golpe sem muita força, mas o suficiente para rasgar-lhe o pescoço. O corpo do inimigo caiu lentamente até chegar de encontro ao solo.

Makoto ia perdendo o controle de seus movimentos o que fez com que caisse em meio à grama.
Sua vista foi escurecendo. Lágrimas começam a deixar pelos seus olhos.

- Me desculpe... Touya...

Logo após essas palavras ele fica inconsciente.

O corpo do garoto fica estendido em uma região do amplo campo de batalha. Sua pele está repleta de pequenos arranhões, misturados com a terra que manchara seu corpo.

Seus braços estão abertos. Seu futuro incerto.
____________________________________________________________



Sentimentos



Em meio ao combate contra os três adversários, Touya é surpreendido com
a queda do amigo. Ele tem um pressentimento ruim. Makoto havia morrido?!
Os batimentos de seu coração aceleram, ele entra em estado de pânico.
Não, isso não poderia ser verdade. Ele tenta se convencer disso, repete isso uma, duas, várias vezes em seus pensamentos. O garoto que cresceu junto a ele, que compartilhou diversos momentos felizes e alguns tristes era o mesmo que estava no chão naquele
momento, sem demonstrar o menor sinal de reação.

Touya se enfureceu. Esquivou das investidas de dois dos guerreiros. Bloqueiou o ataque do terceiro e num movimento rápido e violento lançou-o alguns metros pra trás, pressionando-o com sua espada. Mal terminou tal ação e já partiu em disparada em ao encontro do corpo Makoto.

Os dois adversários que não foram atingidos o perseguiram em seguida.

- Malditos! Não atrapalhem!

A expressão do garoto era de completo desespero. Ele não conseguia
organizar suas idéias. Só pensava em uma coisa, socorrer logo o amigo.

Nisso se virou e investiu rapidamente contra um dos inimigos. O ataque atingiu uma velocidade impressionante impossibilitando que o adversário o bloqueasse, recebendo-o diretamente. Havia sido um ataque muito violento, Touya perfurou o peito esquerdo do adversário, que não conseguiu resistir e perdeu a vida instantaneamente

O segundo inimigo atacou-o, aproveitando a desvantagem de o garoto no momento estar sem a espada para se defender. Touya não se esquivou da lâmina, em um movimento rápido segurou o braço que o ameaçava, fixamente com as duas mãos.

- Esse é o seu fim pirralho!

Touya esboçava dificuldades para prolongar sua defesa por mais tempo, o adversário era bem forte. Mas também não poderia desistir, largar o braço inimigo significaria sua
morte. Ele não teve a seu dispor muito tempo para pensar, estava quase no seu limite,
não agüentaria segurar por muito tempo.

- AHHHHH!!!

Touya urrou de fúria e sem hesitar impulsionou sua cabeça em direção à do inimigo com a máxima força possível, buscando a colisão.

O adversário teve seu nariz destruído e parte de sua testa foi tomada de
sangue. O dano causado foi muito grande, ele ficou inconsciente logo após receber o golpe e caiu rapidamente em direção ao solo.

Touya também sofreu danos expressivos, menores que os do inimigo mas também estava
bastante ferido. Foi um movimento desesperado, a opção que encontrou diante da
difícil situação. Sua testa estava repleta de sangue, o líquido escorria por todo seu rosto, misturava-se ao suor e manchava parte de seu cabelo. Estava com a visão turvada e ficou alguns segundos sem conseguir enxergar normalmentem por mais que se esforçasse. Porém não demorou muito para conseguir distinguir o amigo em meio ao cenário macabro em que se situavam, repleto de corpos estendidos e duelos sangrentos. Recuperou sua espada e dirigiu-se lentamente em sua direção, cambaleando um pouco durante o trajeto.

O terceiro guerreiro ainda estava vivo, sofrera alguns arranhões com a
queda violenta que sofreu, mas dirigia-se de forma enfurecida e instintiva em direção à
Touya.

- Você me paga desgraçado!

Com uma expressão de fúria assustadora o inimigo esticou seu braço
o máximo que pôde ao aproximar-se do alvo. Em um movimento bem veloz sua espada
foi de encontro ao garoto, que virou-se assustado, surpreendido com aquela investida inesperada. Não havia notado a aproximação do inimigo, e daquela distância não havia como desviar, Touya estava certo disso. Em uma fração de segundos ele deslocou seu tronco alguns centímetros para trás, o suficiente para safar-se do golpe fatal. O
objetivo era o coração, mas por muito pouco o garoto conseguiu manter-se
vivo, porém ouve um preço alto a se pagar, seu ombro esquerdo, que foi perfurado de forma violenta e profunda pela lâmina inimiga.

Touya havia sido atingido, a dor senitda no momento do impacto era extrema. Lágrimas eram formadas em seus olhos e percebeusse um urro desesperado de dor. O sangue pingava continuamente do ombro atingido, sem interrupções, em grande volume. Estava impossibilitado de utilizar aquele braço com toda a certeza, gravemente ferido e debilitado.

Touya recolheu as forças que lhe restavam e com um movimento furioso atacou o braço em que o adversário atingira-o com a espada, de forma a fazer com que o sangue se dispersasse em grande escala pelas proximidades do terreno, manchando tudo o
que conseguia entrar em contato. Em ao flúido escuro o membro do adversário, separado do resto do corpo pela espada do garoto, se elevava alguns centímetros no ar.

O adversário urrava desesperadamente, não conseguia se conter de forma alguma, tamanha é a dor que sentia em decorrência do ferimento. Em meio ao desespero tentou correr para longe, se afastar de qualquer ameaça, tentativa frustrada,pois foi logo impedido pelo garoto que perseguiu-o logo que previu o que ele almejava.

- Covarde! Acha mesmo que vai escapar?!

Touya atacou o adversário pelas costas, sua espada cravou-se em seu peito direito após atravessar o tronco e o adversário desabou vagarosamente ao chão.

Makoto abriu seus olhos lentamente. Sentia uma sensação estranha, apesar de não saber do que se tratava. Demorou alguns segundos para se recordar do ocorrido, e quando conseguiu olhou desesperadamente ao seu redor e não demorou a localizar o amigo, coberto de sangue, de pé ao seu lado.

- Touya!!!

Seu semblante foi tomado por uma sensação ruim, ficou sem a mínima reação ao notar o estado crítico em que o seu parceiro se encontrava.

- Já estava na hora de você acordar, hein! Você realmente sabe como me comprometer, seu imbecil!

Um sorriso cobria o rosto de Touya, seu amigo estava vivo afinal. Isso já era suficiente.

______________________________________________________________________



Sacrifícios



Makoto ergueu-se rapidamente. Estava ainda um pouco atordoado, mas não queria passar tal impressão ao companheiro. Havia sido salvo novamente e não apenas isso, seu amigo estava seriamente ferido em decorrência de suas ações precipitadas. Tinha o olhar voltado para baixo, estava visivelmente envergonhado.

Enquanto isso Touya removia a lâmina que havia perfurado seu ombro esuqerdo. Arrancou um pedaço da manga de sua camisa e amarrou de forma firme, rente a pele, dando
algumas voltas ao redor do ferimento, visando retardar a perda de
sangue. Estava suando bastante, seu estado era preocupante, seria difícil prolongar por muito seu esforço.

- Makoto, você está com medo?...

Touya fez a pergunta com um tom irônico, beirando a provocação. Gostava de se portar dessa forma, era algo inerente a sua personalidade.

Makoto ergueu seu rosto rapidamente e o direcionou buscando fitar o do companheiro. A expressão estampada em sua face não era mais a mesma, a descontração e alegria que nele eram traços marcantes haviam desaparecido momentaneamente e tornaram-se uma mescla de seriedade e determinação, que nesse momento dominavam o semblante do garoto.

- Que pergunta idiota! É claro que não estou com medo. Quem vem
pra guerra tem que estar disposto a morrer se for preciso!

Makoto havia se alterado, ficou irritado com a pergunta. Não gostava de ter sua coragem questionada, colocada em dúvida, ainda mais se tratando de uma pessoa que o conhecera desde um longo período.

- Esse é o espírito... Só espero que não se esqueça do que acabou de afirmar antes do fim.

Touya abriu um sorriso verdadeiro e espontâneo. A esperança de vencer nunca fora grande, agora era menor ainda, mas isso já não importava mais, ele não queria morrer. Guardava dentro de si uma vontade tremenda de continuar existindo.

- Se não podemos vencer então pelo menos vamos dar um bom trabalho para esses malditos...

- Pra alguém que está todo destruído você sonha alto demais, hein!

Makoto deu a resposta em tom descontraído.
Touya não conseguiu se conter e acabou cedendo ao riso, que logo foi também aderido pelo amigo.

Logo após esse momento de descontração e calmaria os dois assumem novamente a posição de defesa, um e costas para o outro, defendendo o ponto cego do aliado. Permaneciam atentos, cada vez mais adversários se aproximavam, não poderiam ser surpreendidos novamente.

Os combates continuavam a ocorrer, os dois enfrentavam os adversários que se aproximassem, mas sem distanciarem-se um do outro, cada qual complementando a defesa do outro. Lutaram nessa formação por um longo período de tempo.

Os adversários gradativamente iam sendo derrotados, um por um. Touya enfrentava-os apenas com seu braço direito. Sua testa e ombro continuavam a sangrar continuamente.
Estava lutando no seu limite, além do ferimento grave que havia adquirido estava bem cansado, porém ainda assim apresentava um rendimento satisfatório no combate. No decorrer de todo o combate já havia derrotado dez inimigos.

Makoto ainda sentia dor na região do tronco, a pancada havia sido bem expressiva e limitava-o de executar com normalidade movimentos mais bruscos. Estava menos esgotado que o amigo, mas também começava a expressar indícios de cansaço, que aos poucos iam diminuindo a eficácia de seus golpes. Havia matado seis adversários até o momento.

Já eram decorridas algumas horas desde o início do combate e eram facilmente perceptíveis as expressivas baixas nos dois exércitos. Um emaranhado de corpos cobria o solo do extenso campo que dava acesso ao castelo, porém ainda era grande o número de combatentes, que davam prosseguimento a batalha mesmo lutando em condições físicas precárias.

Mas algo havia ocorrido, o senhor detentor do castelo percebendo que não haveria como manter suas defesas por muito tempo e temendo ter além de suas terras
tomadas, perder a vida, mandou um pedido de auxílio a um de seus aliados. Em tempos de inúmeros conflitos por poder e terras as alianças entre senhores era de vital importância em situações de ataques. Mesmo sabendo que teria que se submeter a algumas imposições do aliado se as tropas inimigas fossem expulsas, como forma de pagamento, sem outra alternativa o senhor utilizou tal mecanismo. As tropas aliadas já estavam a caminho, era questão de tempo até a ajuda chegar.

Os dois garotos continuam a combater.

- Merda! Esses desgraçados não param de vir, não importa quantos matemos!

O garoto tinha a respiração acelerada e já aparentava grande fadiga em seu corpo.

- Realmentem acho que hoje não é o nosso dia...

Touya está totalmente esgotado. Mal conseguia se manter em pé. Sua visão estava turva, o esforço que demandou até aquele momento fora grande demais, fazendo com que ele perdesse uma elevada quantidade de sangue. Agora estava sofrendo as conseqüências.

Os inimigos continuam vindo. Quatro aproximaram-se rapidamente dos dois garotos. Dois soldados na direção de cada um. Touya deu um passo a frente buscando alcançar os inimigos, mas logo sentiu o corpo pesado, não respondendo qualquer um de seus comandos. Tentou resistir, porém logo perdeu totalmente o controle de seus movimentos e seu corpo cedeu instantaneamente. O corpo do garoto ficara estendido em meio ao grande e turbulento campo de batalha.

Makoto não demorou a notar o ocorrido. Um sentimento de pânico tomou conta de sua mente, ele não contava com tal desfalque em um momento de tamanha importância.

- Touya!!!

__________________________



Derrotados



O garoto não tinha tempo para raciocinar, no momento em que seu amigo caiu ele se tornara o principal alvo dos quatro inimigos. Estava visivelmente desequilibrado psicologicamente, ser obrigado a combater em tal situação não era o que ele esperava, muito menos o que desejava. Assumiu a posição de defesa e aguardava repleto de tensão pela investida impiedosa dos inimigos. Que não demoraria a ocorrer, isso era certo.

Dois guerreiros atacaram primeiro, cada um por um lado. As espadas cortaram rasantes o vento e não conseguiram tocar o corpo de Makoto, o garoto desviara-se com relativa dificuldade do primeiro ataque com um movimento consciente de
pernas, mas fora forçado a bloquear o segundo que vinha exatamente do
lado ao qual ele havia se deslocado.

Enquanto isso os outros dois guerreiros aproveitaram a ocasião propícia para cercar o garoto por trás, impendindo qualquer eventual possibilidade de fuga. Makoto disputava penosamente na força contra a espada poderosa do inimigo e juntando toda força que conseguia dispor no momento jogou-o alguns metros para trás, mas sem conseguir atingir seu corpo com a lâmina de sua espada. Teria dessa forma alguns segundos de pausa antes do segundo ataque, ganhara alguns instantes preciosos.

Não sabia como sair de tal situação. Era impossível contra-atacar sendo tão pressionado,
estava fadado a apenas se defender, caso não quisesse arriscar sua vida em um movimento suicida.

Refletiu um pouco acerca da situação e em um movimento rápido se agachou buscando a espada que pertencia ao amigo. Agora dispunha de duas espadas para lutar, porém nunca havia combatido em tal disposição, porém em uma situação dessa gravidade notara que necessitava de outra arma para se defender mais facilmente.

Sua respiração estava bem acelerada e o suor se dissipava pelo seu corpo cada vez mais intensamente. O cansaço e seu ferimento o limitavam cada vez em maior escala...

A segunda investida ocorreu, dessa vez pelos dois guerreiros de trás, que atacam famintos por sangue. Makoto assumira uma posição intermediária, com uma base em que cobria cada um dos lados de seu corpo por uma das espadas que dispunha, onde cada uma estava na direção de uma dupla de adversários.

O ataque deles foi de grande ferocidade, Makoto bloqueou um ataque que buscava acertar-lhe o tronco com um movimento de lâmina horizontal e logo em seguida respondeu com um violento ataque, que vindo de baixo rasgou o peito inimigo e continuou seu trajeto colidindo com o crânio do mesmo.

Uma quantidade imensa de sangue pairava no ar após o ocorrido. O inimigo ia deslocando-se para trás rumo ao chão, o ataque havia sido certeiro e fatal.

Em meio ao ocorrido, sem dar pausa alguma o segundo inimigo atacou furiosamente Makoto. O garoto não estava preparado, não teve tempo de assumir uma base de defesa para se proteger de forma adequada. O ataque conseguira atingir exatamente a região em que as espadas dele não conseguiram varrer, após desferir o golpe contra o adversário ele havia deixado seu peito direito sem proteção alguma. O golpe veio na horizontal visando seu corpo.

Makoto tentou desesperadamente desviar, mas não conseguiu o tanto quanto desejava e seu tronco fora atingido, na região inferior ao peito. Não havia sido um ataque totalmente efeficaz, sua pele havia sido rasgada, mas de forma não muito profunda., porém o suficiente para fazer o garoto ceder caindo ajoelhado em direção ao solo.

Enquanto isso os dois outros adversários perceberam a oportunidade única e investiram sem hesitar buscando dar o golpe final que encerraria aquele combate.

A dor era intensa. Makoto sangrava bastante e sua visão começava a sofrer turvação.
Ele permanecia de cabeça baixa, não aparentando capacidade de se reerguer...

Um dos guerreiros preparava-se para o golpe de misericórdia, ataque que viria de cima, na vertical de encontro ao crânio do garoto. Ao mesmo tempo os outros dois adversários se aproximavam por detrás do garoto em grande velocidade.

Makoto recolheu as forças que lhe restavam. Rapidamente ergue-se esticando o braço, atingindo de forma veloz o peito desprotegido do guerreiro, que ficou com uma extrema expressão de dor e surpresa, por não acreditar no fato de ter sido abatido em tal circunstância tão favorável à ele.

Makoto largou a espada, que caiu fixada ao corpo do guerreiro e virou-se na direção dos outros dois adversários que haviam a pouco lhe alcançado. Bloqueou o primeiro ataque penosamente com sua espada. Um ataque feroz que fez com que o garoto se movesse alguns passos para trás e perdesse um pouco do equilíbrio. O guerreiro havia investido com tamanha velocidade que após o ataque não conseguiu parar e ultrapassou o alvo contra sua vontade. Era a oportunidade de que o Makoto tanto precisava. Não deixou ela escapar, girou seu corpo aproveitando o impacto do ataque e contra-atacou veloz.

Seu ataque atingiu o adversário em cheio, um profundo ferimento transversal marcou as costas do adversário, o suficiente para impossibilitar-lhe de prosseguir o combate e deixar-lhe em condições duvidosas de sobrevivência.

Makoto, após derrubar o adversário, girou o corpo preocupado, visando
proteger-se do outro inimigo que vinha alguns metros atrás do primeiro. Mas foi surpreendido por um ataque perigoso desferido em sua direção que não teve tempo de de se preparar adequadamente pois não conseguira retornar a sua base defensiva para assumir a posição ideal de bloqueio. Barrou o ataque de forma improvisada com sua espada, mas teve sua defesa quebrada, sua espada fora forçada para baixo, afastando-se da região em que protegia e seu corpo recebeu parte do impacto que não foi devidamente amortecido. Sua pele foi rasgada da região do peito direito até as costelas.

Makoto após ter sofrido o ferimento caiu ao chão, separado de sua espada. Sua situação era grave, o sangue tomava conta de seu tronco de forma bem rápida. A dor era bastante significativa e ele contorcia-se dolorosamente em decorrência dela. Esforçava-se para não chorar e conseguir levantar-se, mas suas tentativas foram todas em vão, quanto mais se movimentava mais o ferimento pulsava causando uma dor extrema.

Ele fitava o adversário, que aproximava-se dele satisfeito. Iria desferir o golpe final, ele estava certo disso, porém por mais que tentasse não conseguiria impedi-lo, já não tinha mais forças para isso.

- Suas últimas palavras garoto!

Makoto mal conseguia enxergar o homem que permanecia parado em sua frente, sua visão já estava seriamente comprometida. Ele suava bastante e já sentia seu corpo gelado, cada vez mais frio.

- Últimas palavras? Que besteira! Vá pro inferno!

O garoto havia berrado em resposta as palavras daquele que decidiria seu destino. Estava com medo, era certo, mas a raiva superava tal sentimento. Não queria morrer. Não aceitava morrer apesar de agora ter certeza de que essa decisão não mais dependia dele.

- Corajoso... Admiro isso.

O guerreiro ergueu sua espada em direção ao céu e preparou-se para desferir o ataque que daria fim a vida do oponente.

Makoto abriu um sorriso. Olhou ao redor buscando a direção em que se encontrava o amigo. Ergueu um de seus braços em sua direção, após localizá-lo. Pronunciou uma última frase em tom baixo e cedeu à dor. Tudo ficou escuro, ele havia perdido a consciência.


O despertar



O garoto abria os olhos vagarosamente. Sua ainda cabeça doía bastante, como grande parte de seu corpo. Tentava situar-se, não sabia ao certo o que estava fazendo deitado naquele local. Não tinha muitas lembranças do que havia ocorrido antes de despertar naquele instante. Deu uma olhada geral pelo seu corpo e percebeu que ele estava tomado por bandagens, que cobriam grande parte de seu tronco e estavam levemente manchadas por sangue. Fez um esforço para olhar ao seu redor e logo percebeu que não está sozinho, o estabelecimento estava repleto de outras pessoas deitadas repousando como ele, que aparentavam também possuir ferimentos de alguma gravidade. Tentava se recordar do que havia ocorrida no entanto sua memória estava um pouco obscura, não conseguia organizar os fatos, até que foi repentinamente surpreendido por uma voz feminina.


- Aqui! Mais um despertou!

Percebeu que uma mulher ia aproximando-se de onde ele se encontrava, seguida de mais algumas pessoas desconhecidas. Eles trazuam junto a si um certo ar de preocupação e pareciam bem agitados com a notícia que havia sido trasmitida.

Ela parou a alguns centímetros da maca em que ele repousava e se curvou em relação a ele para facilitar a comunicação.

- Então, como se sente?

O garoto, ainda um pouco zonzo, tinha dificuldade de entender o que a mulher tentava lhe dizer. Ela não demorou a perceber isso e continuou tentando manter o diálogo.

- Como se sente, está melhor?!

Ele começava a entender o que ela visava expressar, porém não respondeu em seguida. Ao contrário de ceder resposta desejada pela mulher ele tentava levantar penosamente. Tentativa frustrada essa, pois logo sentiu uma dor bem intensa em seu tronco e preferiu manter o corpo na posição inicial, não conseguira conviver com a fisgada que havia sentido.

- Onde estou?... E o que estou fazendo aqui?!

Ele questionava a mulher com um ar de preocupação e impaciência. Estava visivelmente sem saber o que lhe havia acontecido.

- Hmm... Não se lembra, entendo. Você é um dos combatentes que protegeu o castelo. A batalha acabou, e agora está em um estabelecimento do mesmo. Estamos há alguns dias tratando de você e dos outros que sobreviveram.

A mulher explicava a situação com uma voz calma e com muita paciência. Enquanto isso as outras pessoas que a acompanhavam se dispersam e começavam a examinar outras vítimas.

- De acordo com seu cadastro você é Makoto Shizuru, dezessete anos, morador de uma das vilas satélites desse castelo. Alistou-se recentemente e é um dos sobreviventes do conflito... Considere-se um homem de sorte pois quando os reforços chegaram a maioria dos nossos soldados já haviam sucumbido.

Um tom de seriedade tomou conta da mulher enquanto ela desviava o olhar do rosto do garoto e olhava os demais corpos em macas improvisadas, dispostas ao longo da grande sala.

Makoto olhava para a mulher de meia idade por alguns segundos. Fitava a pessoa que havia lhe explicado a situação desconhecida por ele em que se encontrava no momento. Porém seu pensamento não estava no que via, ele ainda estava ligeiramente confuso, sabia que estava deixando algo passar, algum detalhe de significante.

Aos poucos a dor em sua cabeça ia diminuindo e ele ia recordando gradativamente de alguns fatos ocorridos consigo.

- Sim. Lembro de ter me alistado... Eu e meu amigo To...

Antes que pudesse completar a frase se lembrou do que havia esquecido e desesperou-se, ficando demasiadamente agitado repentinamente.

- Merda! Como pude me esquecer! Cadê o Touya?!

Ele começava a suar bastante deixando-se tomar pelo desespero e uma nova tentativa de levantar-se não demorou a ocorrer. Só que dessa vez ele iria conseguir, mesmo sentindo muita dor, se não fosse impedido pela mulher que segurou-o pelo tronco forçando-o em direção a superfície da maca.

- Não pode se levantar, seu idiota! Quer jogar fora todo o trabalho que tivemos para te recuperar?!

Mokoto sentiu novamente dores bem incômodas. Cada movimento, por menor que fosse, causava uma dor extrema em seu corpo, mas ele tentava se acostumar à dor enquanto continuava a questionar em tom exaltado a mulher, aflito.

- Onde ele está?! Eu me lembro de ele ter caído antes de mim! Ele foi resgatado?!

A mulher deu uma leve pausa. Percebeu que seria uma tarefa complicada conversar com alguém que se demonstrava tão emotivo no momento. Porém logo tomou novo fôlego buscando prosseguir de forma calma e respondeu-o de forma doce e gentil.

- Essa informação eu não tenho... Resgatamos alguns soldados no campo de batalha, em diferentes estados de saúde. Tenho que consultar algum de meus superiores pra confirmar isso. Mas por enquanto gostaria que se portasse como alguém mais maduro e se controlasse. Digamos que estamos querendo te ajudar, mas fica difícil se você não repousar devidamente.

O garoto estava acostumado a ouvir repostas desse tipo. Sempre conseguiam lembrar-lhe de sua falta de maturidade, em diversas situações distintas. Seu pai... Touya... E agora essa pessoa que ele acabara de conhecer naquele ambiente pouco familiar.

Ele demorou alguns segundos para retrucar, no entanto a sua reação foi algo que surpreendeu a mulher. Makoto fez o possível para se conter. Conter a preocupação e possíveis incertezas em relação a segurança do amigo e com um ar de seriedade e frieza se dirigiu à mesma.

- Sinto muito... E agradeço por ter me ajudado. É que fiquei um pouco preocupado pois ele é alguém próximo a mim. Ele está bem... Eu sinto isso... Agradeceria se pudesse comprovar que estou certo.

Olhou por alguns instantes nos olhos da mulher, querendo de alguma forma demonstrar suas desculpas e reiterar o pedido. Ela abriu um pequeno sorriso, ficara satisfeita com a postura do garoto, que de súbito havia resolvido cooperar e encarar a situação de forma mais adulta.

- Vou fazer o possível para descobrir isso... Espero retornar com boas notícias.

Com isso ela se despediu da maca em que o garoto se encontrava... Foi vagarosamente dando passos em direção a outras que precisassem de sua assistência.

Makoto por alguns instantes depois do breve diálogo caiu em um profundo momento de reflexão. Um momento onde ele esqueceu de Touya momentaneamente e tentou encontrar uma explicação lógica para ter sobrevivido em uma situação onde não haviam mais esperanças por parte dele...

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A promessa



Não demorou muito, ele logo adormeceu. Estava exausto e ainda bastante debilitado devido aos ferimentos graves que trazia em seu corpo. Repousava em um sono pesado, com uma respiração difícil, alta e bastante acelerada. E assim ficou por algumas horas.

De repente avistou um local amplo, tomado pelo verde, totalmente coberto de grama. Parecia afastado de qualquer residência ou propriedade. Um local que não lhe era estranho. E ao longe avistava duas pessoas correndo em meio à escuridão da noite. Depois de alguns momentos pôde identificar que uma das pessoas era ele, e a outra... A outra era uma amiga de infância, Mizuhu Maho, que apesar de alguns anos mais velha que Makoto sempre fora uma das pessoas mais próximas a ele. Momentos como esse eram bastante comuns se tratando dos dois apesar de que os pais da garota não gostavam nem um pouco de sua relação com Makoto. Nada contra a família do mesmo, não aturavam era o garoto em si, que sempre fora bastante rebelde, principalmente depois da perda da mãe quando era ainda bem novo. Não era visto com bons olhos pelos adultos da vila e também nunca obteve sucesso entre as pessoas de sua faixa hetária.

Lá estavam eles mais uma vez na extensa imensidão do campo tão conhecida por eles. Maho sabia que, como de costume, seria alvo de protestos do pai ao chegar em casa. Ele iria falar por longos minutos em tom alto e repreensivo, sempre bastante irritado com as posturas transgressoras da garota, consideradas por ele inconsequentes. E que sua mãe iria ignorar-lhe por algumas horas pois temia que o pai se voltasse contra ela caso defendesse a garota. Ela não ousaria desafiar a autoridade do marido, nunca ousou. Mas independente disso tudo estava ali mais uma vez...

Makoto também não teria uma noite fácil, provavelmente ao chegar em casa o pai já teria fechado a loja e estaria novamente bebendo já há algum tempo ao lado da pintura-retrato de sua finada esposa. Esse quadro já era algo comum, não ficaria surpreso como outrora. E como sempre, quando entrasse em casa, o pai ficaria gritando com ele por não ajudar-lhe com o serviço da loja ou mesmo arrumasse um emprego para ajudar com as despesas da casa. E tudo se encearraria com a boa e sempre presente surra, que por mais que Makoto tivesse forças para evitar, nunca reagia às investidas do pai. Não gostava de apanhar porém sabia que seu pai era a pessoa mais sofrida e fragilizada daquela casa. Nunca teria coragem de utilizar sua força contra ele, por mais que quisesse em determinadas ocasiões.

Os dois continuavam correndo, Maho à frente e Makoto alguns metros para trás. A garota sempre rindo bastante enquanto Makoto esboçava um semblante de relativa impaciência devido ao fato da garota nunca permitir que eles repousassem em um local fixo. sempre estava querendo inovar escolhendo um local diferente, que para ele não fazia sentido algum se tratando de um terreno tão uniforme

Depois de um tempo de corrida a garota parava e ficou olhando fixamente durante algum tempo para o céu que sempre fora algo que lhe cativou bastante. Tinha seus dezenove anos, cabelos curtos e bem escuros. Sua face delicada estava inclinada para cima e os olhos acinzentados concentrados na direção das estrelas. Makoto percebeu que ela havia parado pensativa e com movimentos rápidos de perna aumentou sua velocidade partindo em direção ao corpo da menina, lançando-se nela e fazendo-a cair alguns metros à frente no solo. Acabou caindo próximo dela.

- Makoto, seu retardado! Porque fez isso?!

Maho gritava em tom de revolta e impaciência, franzindo sua testa e encarando o garoto, esperando uma explicação do mesmo. Enquanto não a recebia ia dando tapas leves em sua roupa visando limpar a terra que havia se alastrado.

Makoto ainda não olhava para o semblante da garota, estava limpando sua cara. Havia caído de rosto no solo após o movimento brusco e apesar de não estar machucado havia sujado sua cara e grande parte de sua roupa de terra. A demora da resposta deixa a garota ainda mais indignada e Makoto reparndo em sua insatisfação abriu um grande sorriso provocador.

- Essa cara... Está como dá vez que levantei sua saia.

Ele começa a esboçar uma risada que antes que se concretizasse foi interrompida por um tapa violento, um movimento rápido e com uma mão pesada que acertou-lhe sem que ele esperasse, produzindo um estalo bem alto.

- Aiiiiiii!!! Pra que tanta violência?!

Makoto esfregava com força sua cara visando de alguma forma diminuir a ardência, algo que não iria melhorar tão cedo independente do que ele fizesse. Em meio ao movimento repetitivo com a mão ele olha para a garota repentinamente e sem se aguentar sorriu novamente, buscando irritá-la, já que conhecia bem sua personalidade explosiva. Um sorriso bem extenso que não combinava muito com a grande marca vermelha que possuía agora em seu rosto.

- Idiota. Sempre o mesmo idiota...

Falava em um tom de voz mediano, o suficiente para que o garoto entendesse e pudesse esboçar alguma reação. Maho não conseguia manter uma fisionomia ruim olhando para aquilo e logo começou a rir junto com o garoto e os dois ficam perdidos em meio a risadas por um longo intervalo de tempo...

Depois deitaram ambos na grama lado a lado e ficaram algum tempo fitando as estrelas sem se entreolharem. Sérios e pensativos, diferente das inúmeras outras ocasiões em que ficaram ali juntos, naquele mesmo campo isolado da pequena vila Shiguri.

Maho não conseguira se conter por muito tempo e logo esboçara uma tentativa de estabelecer um diálogo com o garoto, porém olhando ainda para o alto.

- Ei Makoto... Você vai mesmo me deixar?...

Makoto continuava olhando perdidamente para um ponto fixo do imenso céu escuro, parecia estar avulso a tudo que ocorria mas ouvia clara e atentamente o que a amiga dizia, apesar de não responder em seguida a pergunta.

A garota tornava-se para ele e fitava-lhe, com um semblante demsiadamente triste, almejando uma resposta. Permaneceu olhando o rosto do garoto por alguns instantes, sua pele clara, os cabelos escuros e volumosos que estavam sempre desarrumados, o que costumava irritá-lhe profundamente no início, mas que com o tempo havia se acostumado a conviver. E os olhos, que apesar de sempre estarem vivos e radiantes, agora estavam distantes e opacos como nunca.

- Começou dinovo com esse papo. Eu já disse que isso nunca vai ocorrer...

A garota aproximava-se dele e começara a puxar com as mãos a manga de sua camisa, visando conseguir que ele olhasse pra ela. Estava cada vez mais perceptível sua tristeza apesar de seu esforço para não parecer muito emotiva perante ele, não gostava de passar a impressão de se importar com os outros, apesar de tudo.

- Eu me preocupo com você... Não tem a menor necessidade disso Makoto, você sabe que não.

Makoto enfim virou-se pra ela, porém com o mesmo olhar, que não demonstrava sentimento algum. Foi aproximando-se seu corpo ao dela até que a abraçou-a de forma bem firme. A garota agarrou-se à ele encostando sua cabeça no ombro do mesmo e agora liberava suas primeiras lágrimas que manchavam aos poucos a camisa do garoto.

- É algo importante pra mim Maho. E você não tem porque se preocupar, eu vou voltar...

Começava a acariciar os cabelos da garota, carinhosamente, visando acalmá-la... O que não impediu que ela começasse a chorar de forma mais intensa, agarrando-se cada vez mais ao corpo dele.

- Seja uma boa menina enquanto eu estiver fora, prometo que vou voltar. Prometo até pensar em trazer o Touya de volta, olha só...

Ele abriu um sorriso., um sorriso que novamente é interrompido, mas dessa vez por um beijo ardente, ela deslocou seu corpo para cima do dele e ficaram por longos minutos aproveitando o momento, algo que não poderiam repetir por um longo tempo.

No outro dia Makoto estaria partindo com Touya para o combate...

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Kamiya Touya




- Atacaaaaaaar!

Essa já era uma frase bastante conhecida por ele... O estranho era quando não era despertado por ela, ou por algo bem próximo disso...

A pequena garota continuava a expressar sua assustadora animação com gritos continuados, enquanto subia em suas costas e começava a brincar com seu cabelo...
Saori, seis anos. A incansável caçula da família Kamiya, em mais uma de suas missões de acordar o irmão mais velho, das quais ela nunca se cansava de se aventurar.

Touya percebe que seria impossível voltar ao sono depois de uma investida tão bem executada como essa. Ele começa a tentar se recompor da grande fisionomia de sono que apresentava e vai virando seu corpo aos poucos e erguendo a garota com os dois braços.

- Bom dia Saori...

Responde em um tom baixo e pausado, mas esboçando um pequeno sorriso para agradar sua pequena irmã. Ela era uma das poucas pessoas que conseguiam fazer com que ele sorrisse, sempre fora uma pessoa bem fria e reservada.

Era assim que ele começava a maioria de seus dias. Depois de alguns longos minutos dialogando com a irmã, sobre assuntos de interesse dela, com toda a paciência e atenção possíveis, ele se dirigia com ela para a sala de sua residência para comer algo. Tinha que se alimentar bem, seu pai provavelmente não o pouparia do treinamento de que ele tanto se orgulhava. Havia sido um honrado guerreiro durante a vida e tinha como sonho que o filho levasse adiante a reputação da família, participando de combates e divulgando o estilo de sua vila. Sempre quis elevar o nome dos Kamiya em relação ao mundo da espada, apesar de existirem inúmeras academias de valor que monopolizavam o cenário das artes marciais no Japão.

- Ando percebendo que você não anda levando os treinamentos a sério, meu filho...

Comentava o pai enquanto fitava o rosto do garoto com uma expressão bastante séria, esperando que uma explicação fosse apresentada.
Enquanto isso a mãe de Touya permanecia indiferente a conversa, vigiando a pequena Saori que sempre fora uma criança difícil de se alimentar. Não conseguia ficar parada por muito tempo, então era comum ela se levantar e começar a fugir em meio às refeições, visando arranjar algo divertido para fazer, ou indo pentelhar seu irmão.

- Você sabe pai... Com todo respeito, eu não me interesso por lutas...

Concluía ele sem ao menos olhar para o rosto do pai, continuando a comer vagarosamente sua refeição contida no pequeno recipiente em sua mão.

- Touya, são poucas pessoas que nascem com seu talento! É um grande desperdício não aproveitar seu potencial! Ainda mais em tempos difíceis como esses pelos quais passamos, onde a guerra está cada vez mais próxima de nossas casas!

O pai começava a esboçar certa impaciência. Tentava convencer o filho elevando um pouco o tom de voz, e olhando para ele com cada vez maior firmeza.

- Esse não é um assunto para tratarmos agora...

Ele olha para a pequena irmã que se esforçava para fugir da mãe, para não comer o resto da comida. Estava sempre fascinado com a felicidade com pequenas coisas que sempre a acompanhava. Em parte tinha certa inveja em relação a isso, apesar de nunca demonstrar ou admitir.
Apressasse para terminar a refeição e em seguida retira-se em silêncio fazendo uma breve saudação em direção à mãe e sem olhar para o pai. Depois de passado certo tempo dirige-se para a pequena academia que freqüentava da cidade, que tinha entre seus professores o seu pai.

Lá praticavam o Kendo, arte que treinava seus corpos e deixava-os familiarizados em como portar a espada, além de fornecer boas noções de defesa pessoal.
Atualmente treinavam nela uma quantidade próxima a vinte alunos, todos residentes na vila Shigure. Pessoas das mais variadas idades, em sua maioria do sexo masculino, apesar de estar ocorrendo um aumento expressivo do número de garotas.

Touya era o principal aluno da academia. Desde mais novo dificilmente perdia.
Adaptava-se facilmente aos diferentes movimentos, aprendendo-os rapidamente e executando-os com perfeição. E agora, com dezessete anos, não havia mais alunos páreos para ele. Mesmo alguns professores já não conseguiam acompanhar seu ritmo e eram completamente envolvidos durante as batalhas.

Apesar do relativo sucesso que tinha não estava satisfeito com aquela vida. Começara a suportá-la de uma forma um pouco melhor quando percebeu a determinação de Makoto em seguir vida através da espada. Determinação essa que começou em torno de dois anos mais cedo. E que só aumentava à medida que o tempo passava.
Não moravam muito próximos, mas encontrava frequentemente com o velho amigo ao voltar de seu treinamento na academia. E achava no mínimo curioso, como alguém podia passar seu tempo livre praticando Kendo sozinho?! Ele vivia se perguntando... Dia após dia tinha contato com aquela cena, que o surpreendia cada vez mais à medida que ia se repetindo. Nunca fora uma pessoa muito comunicativa, falava apenas quando achava realmente necessário, mas um dia não conseguiu esconder a curiosidade e questionou o garoto.

- Ei Makoto, o que vê de tão interessante nisso?

Ele encarava o garoto com um ar de dúvida, um pouco pensativo. Buscava uma resposta que justificasse algo que para ele era um mistério, pois não sentia prazer em lutar contra os outros.

Makoto de início pensou em não responder. Tinha um gênio um pouco difícil e havia encarado aquilo como algo depreciativo. Achava que o amigo estava zombando dele de alguma forma, como de costume. Depois de um tempo responde algo, que não fora o que Touya havia lhe perguntado.

- Vamos ver como você está Touya... Fiquei sabendo que estão pegando leve com você na academia!

E Makoto apontava a espada em relação ao amigo sorrindo em um tom desafiador, aguardando a aceitação de Touya. Ele conhecia bem aquele sorriso. Uma das marcas registradas de Makoto, que ele utilizava principalmente quando estava empolgado com algo. Era difícil se lembrar de alguém tão insistente e perseverante como Makoto. Era um garoto no mínimo interessante para ele, por isso havia alimentado sua amizade desde quando eram mais novos. Uma personalidade tão diferente da sua, desde sempre foi algo que ele admirava.

- Você não muda mesmo não é... Sempre com essas tendências infantis...

E com uma cara de desânimo saca a espada que estava presa em suas costas e prepara-se para o duelo. Duelo esse que, como sempre ocorria, acabava com o mesmo vencedor. Após alguns minutos após o início Makoto estava no chão, suado e repleto de arranhões pelo corpo e de terra cobrindo suas vestes.

Touya, como de costume, não comemorava a vitória. Apenas colocava a mão em sua testa e ficava refletindo alguns segundos se algum dia aquele garoto iria mudar... O que ele achava difícil...

- Merda... Dessa vez você deu sorte Touya!

- Você já reparou que sempre diz isso Makoto?...

E ele ajudava com paciência o garoto a se erguer do chão e cada um trilhava seu rumo para as respectivas casas, como de costume.

Mas hoje seria um dia atípico. Touya ao chegar a sua casa receberia uma notícia que ele nunca imaginaria receber.
Sua mãe havia saído para as compras acompanhada da irmã, e ao entrar ele avista o pai sentado próximo a pequena mesa da sala, conferindo alguns papéis pacientemente.

- O senhor feudal vizinho mandou um recado à nossa vila... Provavelmente estão sob aviso de ataque e estão pedindo soldados às vilas próximas e eu não pude deixar de alistá-lo, mesmo porque é um de nossos melhores guerreiros.

Aquelas palavras ecoavam repetidamente na mente de Touya e uma sensação de total surpresa e desconfiança tomavam conta de seu corpo. Ele havia sido traído? Não, não era possível que sei pai havia feito algo do tipo sem sua aprovação, aquilo deveria ser uma brincadeira. Mas logo a idéia vai se tornando algo concreto em sua mente, seu pai não era alguém que se interessava por brincadeiras. Nunca esperava que fizessem algo desse tipo para com ele. Em seu semblante crescia uma expressão de mescla de fúria com desespero.

- Maldito velho! Como ousa fazer algo desse tipo comigo!

O pai não se assustou com a reação do filho, sabia que não seria algo que ele iria aceitar sem ao menos reclamar. Apenas não estava acostumado a ver sentimentos ecoando de forma tão intensa de seu filho.

Touya toma o papel da mão do pai e lê desesperadamente os termos do contrato, onde constavam detalhes e a data de apresentação da milícia no castelo.
Depois de ler ele olha para o pai em um ar sinistro e ameaçador.

- Eu te disse que não gosto de lutar, maldito! E ainda mais para proteger terras imundas de uma pessoa que mal conheço!

O pai ouvia atentamente a manifestação de revolta do filho, mas logo responde em tom mais exaltado.

- Não há escolha Touya! Eu não pretendo manchar o nome da família apenas por seus ideais sensíveis... Pare de choramingar e aprenda a ser um dos nossos! Mesmo que não queira, eles virão aqui amanhã agregar os adeptos, e espero que não passemos vergonha, sendo que inúmeros de nossa pequena vila também irão lutar.

Touya abre um sorriso, algo incomum se tratando dele, e responde em tom baixo porém ameaçador.

- Eu vou... Cumprir essa tarefa imbecil que você me incumbiu... Mas se eu voltar... Pode ter certeza que as coisa não ficarão boas para você...

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Reencontro inesperado




- Maho... Maho...

Ele repetia inconscientemente o nome várias vezes, em voz bem baixa e arrastada. Ficou assim por algumas horas, até que seu nariz começou a irritar-se devido a um forte odor que ia se aproximando gradativamente do local onde ele se encontrava. Logo começa a despertar, com uma fisionomia bastante incomodada, e vai aos poucos abrindo os olhos com relativa dificuldade e realizando pequenos movimentos por todo o corpo.

Ainda não havia conseguido abrir os olhos, o cansaço era grande e a claridade também não facilitava a tarefa. Já os coçava, com as duas mãos fechadas, buscando conseguir forçar com que a visão fosse logo liberada.

A presença que exalava aquele cheiro forte parecia ter parado de se movimentar, e para sua grande revolta sentia que o que for que fosse aquilo, estava bem próximo a ele. Estava ao mesmo tempo irritado e assustado com o que poderia ser, assim de forma tão repentina, já que não reconhecia ninguém entre os que pôde fitar anteriormente, quando teve o primeiro contato visual com a sala.
Enfim consegue abrir os olhos, e não precisou se esforçar muito para descobrir o que era, logo se deparou com uma figura, que estava ajoelhada ao lado da maca em que ele se encontrava e olhava fixamente para seu rosto.

- Jo-Jo-Jo- JOUSUKEEEEEEEE?!!!

O garoto, mesmo bastante ferido, faz um movimento brusco visando afastar-se da figura estranha que continuava a fitá-lo com uma expressão bastante sorridente. E grande parte dos que estavam no salão percebem o grande som que o garoto emite, em reação à situação anterior.

- ISSO MESMO! INAMORI JOUSUKE! SEU CONTERRÂNEO E MESTRE!

E a figura gigantesca responde em tom mais alto que o grito anterior, causando relativo susto e insatisfação por parte dos enfermeiros e enfermeiras que ainda tratavam de muitos dos feridos nas proximidades.

- Maldito! Você não precisa gritar, sendo que está a cinco palmos de mim, com essa cara estranha e fedendo saquê! Tirando que não perdi minha memória, só estou todo quebrado!

O garoto mostrava-se bastante irritado, algo normal sempre que tinha contato com aquele indivíduo, que com certeza era bastante diferente da maioria das pessoa que conhecia, da vila Shigure...

- E outra! Desde quando você é meu mestre, seu pervertido velhote?! E mais importante de tudo, o que você está fazendo aqui?!!!

Apesar da reação um pouco ofensiva do garoto, o homem de grande estatura e idade adulta continuava com um imenso sorriso, tendo afastado-se alguns centímetros da cabeça do garoto. Apesar de tudo não estava nem um pouco constrangido, muito pelo contrário.

- Shizuru, Shizuru... Sempre um moleque bem divertido de se conviver...

E a figura começa a soltar algumas risadas animadas, e aos poucos começa a engasgar e tossir algumas vezes. Mas logo se recupera e volta a prolongar o diálogo.

- Você faz perguntas demais... Eu acabei aparecendo aqui de última hora, digamos que por mais que eu pareça alguém compromissado e sério, acabei perdendo a inscrição do alistamento, e tive de vir por conta própria, senão perderia a diversão!

Makoto olhava para o conterrâneo com uma expressão de total desânimo. Não acreditava que alguém pudesse se imaginar tão diferente do que estava claro para todas as outras do seu convívio diário... Mas continua prestando atenção naquele sujeito engraçado, que por mais esquisito que fosse, era um rosto conhecido, isso já era algo positivo.

- Continuando... Como te disse eu vim e participei do combate. Não só eu, pelo menos mais uns doze de nossa vila. Mas digamos que a maioria não suportou... Vocês são garotos de sorte, por terem o suporte de uma lenda viva como eu!


Makoto ficara tão surpreso com a resposta de Jousuke, que logo deixou a expressão de desânimo e ficou bastante chocado. Estava com os olhos arregalados, e erguia um pouco o corpo com os braços, apesar de não conseguir se levantar.

- Vo-Vo... Então foi você que me salvou?!

- Não só você... Não se sinta tão especial, apesar de ser um de meus pupilos. Salvei o garoto dos Kamiya também, e mais alguns coitados que estavam precisando de suporte... Trouxe cada um de vocês para dentro quando pude. O que foi facilitado, pois as malditas tropas do Yamazaki finalmente chegaram, depois de horas de demora!

Makoto ainda estava bastante impressionado. Começava a entender o motivo de ter sobrevivido... Como imaginava não foi um simples ato de compaixão por parte do adversário, ele deveria ter sido derrubado por Jousuke, que apesar de ser um mulherengo exemplar e dependente mor de saque, era um dos homens mais poderosos de sua vila. E tinha essa estranha forma suicida e macabra de pensar, sempre simpatizando com situações perigosas, apesar de não ser alguém tão jovem, beirava os quarenta anos.

- Como eu te disse... Eu fiz isso. Acabei com o sujeito que iria brincar de fazer buracos em você, e ainda resgatei o Kamiya, que por sinal está em um estado bem pior que o seu...

Makoto logo deixou de lado a explicação épica que Jousuke fazia de seus feitos, e começou a preocupar-se bastante com a condição do amigo, que não via há um bom tempo. Ainda mais porque sabia pelo que ele havia passado.

- Você apagou por alguns dias... A enfermeira Mizuko esteve cuidando de você por um bom tempo, deveria agradecê-la em um outro momento. Ainda mais porque... Ela é tão linda!

Jousuke abre um grande sorriso de satisfação e faz uma pose de aprovação para o garoto, enquanto tinha os olhos ainda meio sonsos e babava um pouco.

- Seu tarado... Mas me diga, onde está o Touya?! E como ele está?!

Makoto eleva um pouco o tom de voz e aguarda a resposta com grande ansiedade.

Jousuke fica com um ar mais sério e responde olhando para outra direção, para outros feridos sendo atendidos dentro da sala em que estavam.

- Ele já está sendo socorrido há alguns dias... Esta em uma outra parte do castelo, onde estão atendendo casos de maior urgência. Mas você sabe... Ele perdeu muito sangue, o processo está sendo um pouco lento. E não há certeza se o braço vai se recuperar tão cedo, foi algo um pouco grave...

Makoto tem nesse momento algumas lembranças da batalha. Mais precisamente de quando havia despertado, depois de ficar inconsciente por algum tempo, e viu o amigo de pé ao seu lado, com o braço com um grande ferimento, sangrando bastante.

- Foi culpa minha... Eu novamente fui precipitado e...

Antes que pudesse terminar a frase Jousuke coloca uma mão na cabeça de Makoto visando acalmá-lo.

- Não diga isso... Mesmo em momentos difíceis, pessoas se arriscam pelos que amam. Com vocês não foi diferente. Mas não se preocupe, apesar de imensa falta de experiência de vocês, não acho que o Kamiya vá desistir tão facilmente...

Makoto olha impressionado para o a expressão séria do velho conhecido. Não estava acostumado a ver esse lado dele, parecia até outra pessoa. Mas logo reage confiante à opinião do amigo.

- Sim... Ele não morreria assim. Aquele maldito é alguém difícil de derrubar...


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