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Criando um monstro.

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Teresa
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11/12/2008, 01:57
Criando um monstro

O que pode criar um monstro?

O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por... Nada?

Será que é índole?

Talvez, a mídia?

A influência da televisão?

A situação social da violência?

Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes?

O rapaz deu a resposta: "ela não quis falar comigo". A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não. Seu desejo era mais importante.

Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessa história toda.

Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida. Faltou a polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim. NÃO. Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça.

O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer não às esposas ). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal.

Os pais dizem, "não posso traumatizar meu filho". E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não, você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos. Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias pra você. Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate. Não, aqui não é lugar para você ficar. Não, você não vai faltar na escola sem estar doente. Não, essa conversa não é pra você se meter. Não, com isto você não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque.

Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.

Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara.

Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.


Esse texto recebi por email sobre o caso da tal de Elloá.

Que achei palhaçada tanto do lado da polícia quanto do sequestrador.
Só aqui no Brasil mesmo pra acontecer isso.
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15/12/2008, 10:43
Isso é reflexo das educações anteriores, feitas de forma vertical e autoritária. Os pais falavam e os filhos calavam, resignados. Com isso, os pais de hoje resolveram criar seus filhos de um jeito diferente, liberal. E muitos acabaram caindo no extremo oposto, com medo de serem quadrados, caretas, etc.

O resultado é esse. O quadro é complicado, já que uma criança que recebe a educação adequada, em geral vai se sentir deslocada no meio da molecada sem limites e que pode fazer o que quiser.

Enfim, quero ter filhos mas também tenho certo receio de jogá-los no mundo, ainda que eu ache que posso educá-lo de forma correta. Razz
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20/12/2008, 00:52
Eu não quero ter filhos...o.O'

Não sei mas acho que eu não

Bom de qualquer forma, é sim um reflexo como você mesmo falou, é tipo uma coisa estranha.

Pois tipo, por seculos a educação pelos pais foi ensinada dessa maneira, não digo que seja certo, mas as coisas desfaleceram feito um castelo de areia nesses ultimos anos.
O que é certo é impor um mínimo de limites, pois nem tudo é como a gente quer, e temos que conviver com isso, mas pessoas sem limites tendem a não aceitar isso, e acabam fazendo o que fazem.

O grande problema que é uma linha tenue entre impor limites, e ser um ditador como pai/mãe.
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21/12/2008, 23:31
prefiro educação libertária!!!!!!!!!


Última edição por Teresa em 17/11/2009, 22:39, editado 1 vez(es)
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22/12/2008, 01:20
Sou a favor de uma educação liberal onde o filho possa opinar e expor suas idéias, mas sempre deve haver um limite e quando necessãrio ouvir e aceitar um "não" por mais argumentos que se dê.
O que vejo em alguns casos são crianças e adolescentes que não respeitam os pais, no caso de pais que não se dão o respeito. Isso tanto em famílias liberais quanto autoritárias. Ocorre quando os pais tem o desejo de ser amigo dos filhos deixando de lado o papel (chato) de educador. Se uma pessoa não respeita os próprios pais as chances dele respeitar qualquer um são nulas.
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22/12/2008, 11:45
Pra isso a família também é necessária. Geralmente o pai e mãe estabelecem papéis opostos, onde um é confidente e o outro, o mandão.
No caso de famílias mais atuais, onde faltam ou o pai, ou a mãe, essa balança fica meio torta!
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29/12/2008, 11:23
Ninguém aqui ta defendendo a educação autoritária, Teresa.
Esse texto que postei recebi por email e achei interessante a forma como foi colocado.

Eu acho que é preciso, é impor limites, ter como base que as coisas não funcionam do jeito que a gente quer, Que todos temos nossa liberdade, e que ela termina quando começa a do outro. Que temos que saber, que por mais que a gente não gosta sempre existe alguém acima para decidir por nos e que muitas vezes temos que acatar aquilo que eles fazem. É preciso fazer um papel para que se possa criar um adulto/jovem educado e socialmente respeitável, que tenha condições de saber agir de maneira correta, e saber a levar esse "não" e que as outras pessoas não estão simplesmente para fazer as suas vontade. Porque se não for os pais que vão ensinar isso, a vida ensina, e da pior maneira possível...

Existe várias maneiras de se educar, mas em todas elas é necessário sempre botar um limite, é somente isso que eu acho.
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29/12/2008, 13:53
O importante é o respeito. Eu quero ser uma figura que meu filho adimire. Acho que é forma mais fácil de se chegar até ele. Ele vai te obedecer por adimiração acima de tudo. Acho isso muito bonito. Mas obviamente isso dependemuito mais dos pais. e nem todo mundo está disposto a gastar tempo com isso.
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14/1/2009, 01:10
eu assisto bastante a Super Nanny, ela é legal...

teve um programa que ela ensinava aos pais a dizerem NÃO com firmeza

gente... até os pais tem que ser treinados............... O.O

eu fico assistindo pq um dia, se eu tiver filhos, talvez eu lembre de algumas
dicas... =D

obs: meo deos, tem hora que aparece cada pentelho... dá vontade mesmo
é de dar um tapa!

obs 2: "Não bata! Eduque" (campanha da qual Xuxa faz parte) o que
vcs acham desse slogan? se for bem aplicado, resolve? e se bater,
podemos criar monstros? ou para se criar monstros basta apenas
não dizer NÃO?
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14/1/2009, 09:59
Dar uns "tapinhas" nos filhos não deixa de ser violência também, e pior, contra a alguém que lhe admira e que não tem como se defender ou revidar.
Acho totalmente desnecessário. É possível sim educar uma criança sem esse tipo de violência, basta ter pulso firme e impor respeito.
Educar uma criança é muito complexo, quem não possui estrutura pra isso, nem devia cogitar a hipótese.
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14/1/2009, 10:54
Assisto Super Nanny pra aprender a educar meu filho.
Sempre dá certo na TV!
Teresa
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14/1/2009, 16:01
"O ponto de partida da pedagogia já não poderá ser o desejo de civilizar, mas o de desenvolver pessoas livres, 'carácteres soberanos. Ê por isso que a vontade, até ao presente tão violentamente oprimida, não deverá continuar a ser enfraquecida. Tal como não se quer debilitar a vontade de saber, também não se deverá enfraquecer o querer. Quem quiser um, tem de querer o outro. A insubordinação e a teimosia da criança têm tanto direito como o seu desejo de saber. Dedica- se todo o esforço à estimulação deste últilmo mas há também que excitar a força natural da vontade, a oposição. Desde que a criança não aprenda a sentir-se falta-lhe precisamente o principal. Não é preciso reprimir o seu orgulho e a sua franqueza'. A minha liberdade está assegurada contra a sua arrogância. Quando o orgulho degenera em arrogância, a criança pretenderá violentar-me. Ora sendo eu um ser livre, tal como ela, não sou obrigado a aceitá-'lo. Mas será preciso que me defenda abrigando-me por detrás do cómodo escudo da autoridade? Não, eu oponho- lhe a firmeza da minha própria liberdade e a arrogância dos petizes desmoronar-se-á por si mesma. O homem total não tem necessidade de ser uma autoridade. Quando a franqueza se torna insolência esta acabará por perder a sua força diante do suave poder de uma mulher autêntica, diante da maternidade, ou perante a firmeza do homem. Bem fraco é aquele que tem de recorrer à autoridade e erra-se quando se acredita que se melhora o insolente, submetendo-o pelo temor. Exigir temor e respeito são exigências que pertencem ao período anterior, ao estilo rocócó."

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